UM DIAGNÓSTICO PROPOSITIVO
A rapidez e qualidade da transição para o mercado de trabalho depende de vários fatores, entre eles a educação, a economia e a orientação estratégica das políticas de emprego.
A educação
O sistema educativo desempenha um papel importante no que respeita às transições para o mercado de trabalho.
▶︎Sistema de formação profissional versus secundário ◀︎
Os sistemas de formação profissional que incluem oportunidades de formação em contexto de trabalho facilitam a transição dos jovens para o mercado de trabalho (Marques e Horisch, 2019). Países que têm um elevado número de jovens a frequentar os sistemas de formação profissional de tipo dual, são aqueles que conseguem obter melhores resultados.
As áreas de formação escolhidas também afetam a transição para o mercado de trabalho.
Na ultima década e meia a transição digital tem contribuído para a procura muito elevada de jovens com formação em STEAM (ciências, tecnologia, engenharia, artes e matemática), assim como nas áreas de saúde.
É fundamental assegurar o alinhamento entre as necessidades do mercado de trabalho e a oferta formativa, sem desconsiderar as áreas de estudo que contribuem para o avanço do conhecimento e estudo de problemas sociais relevantes.
Seria muito importante a disponibilização, atempadamente, de mais informação aos jovens, sobre a empregabilidade e a qualidade do emprego em diferentes áreas de formação, para que tomassem decisões informadas.
O mercado de trabalho está em transformação e é importante assegurar que a expansão futura do ensino superior tem isso em consideração.
A economia
Durante as crises (económicas), as empresas e até mesmo o setor público, tendem a reduzir o volume de contratação, procurando manter os trabalhadores e evitar investimento em capital humano. Como consequência, os jovens são afetados pelo desemprego e a transição para o mercado de trabalho é mais dificultada.
O padrão de especialização da economia é importante, dado que afeta a disponibilidade dos empregadores, para promover a formação em contexto de trabalho. Este tipo de formação, como já referido, contribuiria para um maior sucesso, tanto em rapidez como em qualidade, na transição do ensino para o mercado de trabalho.
A orientação estratégica das politicas de emprego
As politicas ativas de emprego são muito importantes, ajudam os jovens na transição para o mercado de trabalho, oferecendo, por exemplo, oportunidades de estágios, incentivos à contratação e apoios ao empreendedorismo. Países que investem nestas politicas, têm maior sucesso nas transições.
No entanto, o sucesso só é efetivo, quando as medidas e os apoios bonificam empresas que garantam vínculos estáveis, caso contrario pode acontecer situações de precariedade, onde empregadores abusam destas medidas sucessivamente.
As políticas de emprego que incluem requisitos de formação em contexto de trabalho tendem a ter maior sucesso porque as empresas que investem em formação desenvolvem estratégias de retenção mais ambiciosas.
Áreas de intervenção prioritária
O que podem os serviços públicos de emprego fazer, para melhorar a transição dos jovens para o mercado de trabalho?
- Educação
- Expansão do sistema de formação dual (formação em contexto de trabalho) onde seria necessário o envolvimento dos empregadores;
- Articulação entre a oferta no ensino superior e as necessidades do mercado de trabalho.
- Economia
- Adoção de políticas ativas de emprego ambiciosas, que respondem de forma atempada às crises;
- Alteração do padrão de especialização da economia portuguesa.
- Orientação estratégica das políticas de emprego
- Políticas ativas que promovam a contratação permanente;Definir a formação em contexto de trabalho, enquanto requisito obrigatório;
- Apoiar empresas na área dos serviços intensivos em conhecimento.
Em suma, as políticas devem ser orientadas por uma agenda estratégica que vai além do objetivo geral de combate ao desemprego jovem.
Livros que possam interessar sobre o tema:
Artigo completo:
Marques, Paulo (2023). O que afeta a transição da escola para o mercado de trabalho? Um diagnóstico propositivo. Dirigir & Formar Revista do IEFP, nº 38, pág. 4 – 8.